VALAS DE DRENAGEM
São estruturas criadas para drenar os solos e canalizar a água, seja drenando água de zonas a cotas mais elevadas – ou ao longo de estradas ou orlas de campo – podem ainda canalizar a água para um ponto de irrigação mais próximo. O impacto que as valas de drenagem têm para a biodiversidade advém de uma multiplicidade de fatores que são fortemente influenciados pela sua própria gestão e pela gestão dos terrenos que lhes são circundantes.
IMPACTOS NOS SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS
IMPACTOS NA BIODIVERSIDADE
BENEFÍCIOS
• Quanto maior for a qualidade da água, maior o valor das valas de drenagem e maior será o impacto na biodiversidade.
• Quanto maior for o período em que as valas têm água, maior será o impacto na biodiversidade.
• Nos planaltos, pequenas valas que só ocasionalmente estão cheias proporcionam um nicho para certas plantas e invertebrados. Estas podem, por sua vez, ser alimentos importantes para muitas aves.
• As águas de fluxo lento de valas de drenagem das terras baixas, podem suportar uma grande variedade de flora das terras húmidas, fornecendo alimento e cobertura para uma maior riqueza de invertebrados e outros animais selvagens. Maiores valas de drenagem proporcionam melhores habitats para muitas espécies de aves, peixes, anfíbios e mamíferos.
• A existência de vegetação nas margens das valas de drenagem e uma boa manutenção das mesmas, proporcionará um impacto positivo nos serviços dos ecossistemas e na biodiversidade. Nos serviços dos ecossistemas destaca-se o controlo da erosão dos solos, a melhoria na qualidade da água (a existência de vegetação densa minimiza a dispersão de potenciais pesticidas e herbicidas aplicados), a mediação das cheias e o aumento nos serviços de polinização (a proximidade da água e a existência de plantas floríferas tornam as margens das valas de drenagem um hotspot para os insetos polinizadores).
BOAS PRÁTICAS
• Apesar de ser benéfico plantar estruturas ecológicas lineares lenhosas (como sebes), evite plantá-las muito perto da margem (deixe um espaçamento a rondar os 3/5 metros) e viradas a sul.
• Promova uma sucessão estratificada de estruturas lenhosas lineares adjacentes uma a outra até à vala de drenagem, ou seja, comece por estabelecer uma sebe arbustiva, seguindo-se de uma orla multifuncional e, por último uma margem com vegetação espontânea. Esta estratificação vai permitir a dispersão de herbicidas e pesticidas (estes vão-se dispersando com a filtração dos vários estratos). Realça-se que estas estruturas lineares têm de ser geridas e não deixadas ao abandono. Com a correta manutenção consegue aumentar a variedade de habitats. Para mais informações veja as boas práticas das sebes, orlas multifuncionais e margens de campo.
• Caso tenha de fazer a gestão de uma margem vegetada, corte as margens numa rotação de 2 a 5 anos. Este corte vai permitir o estabelecimento de biodiversidade diversa, fazendo com que nenhuma se torne dominante.
• Os sistemas de drenagem de águas superficiais podem proporcionar o armazenamento para além de permitir o fluxo de água. Uma limpeza menos frequente está associada a uma melhor diversidade de plantas aquáticas, mas ao mesmo tempo, a uma maior presença de vegetação nas valas que, por sua vez, pode aumentar a retenção de sedimentos. Apesar das limpezas poderem ser prejudiciais à biodiversidade, uma boa gestão regular pode ser mais benéfica para a biodiversidade vegetal, mantendo e promovendo uma variedade de fases de sucessão vegetativa na paisagem.
• O corte da vegetação aquática existente deve ser cronometrado para permitir a fixação de algumas sementes nas margens. A remoção da vegetação cortada pode melhorar a esteticidade da vala, no entanto é de realçar que este material vegetativo contém nutrientes importantes tanto para a flora como para a fauna aquática. Deve ser feito, portanto um equilíbrio quer no corte quer na remoção da vegetação aquática removida.
• As margens imediatamente adjacentes às valas devem ter um gradiente suave para maximizar o benefício para a biodiversidade. No entanto, deve ser evitado o acesso a pastoreio e abeberamento do gado às margens e à vala, visto que poderá existir contaminação da água.
• Promova a conectividade das valas a outros habitats aquáticos. Quanto mais ligações existirem a outros habitats aquáticos, maior será a possibilidade de recolonização. Em geral, quantos mais habitats aquáticos existirem conectados uns com os outros, maior será o seu valor estético.
• Para além de alimentos, as abelhas e outros polinizadores recolhem água para arrefecerem o interior do ninho em dias quentes. As abelhas também utilizam água para diluírem o mel quando alimentam as larvas. A presença de um ponto de abastecimento de água na exploração perto do seu habitat será bastante benéfico, visto que as abelhas passarão menos tempo a recolher água e mais tempo a recolher o néctar. No entanto, quando a água é profunda, as abelhas têm o hábito de se afogarem, pelo que a presença de locais de água rasas é benéfica. Como tal, o desejado é existir uma diferencia- ção de alturas ao longo da vala.
• A dragagem dos sedimentos retidos nas valas de drenagem pode reduzir os impactos negativos associados aos sedimentos finos que já não estão disponíveis para a absorção de fósforo (no verão existe menos fósforo na água). Independentemente da maquinaria utilizada para a dragagem haverá sempre um impacto negativo na diversidade das plantas – opte por utilizar uma pá, em vez de um tubo de sucção.