MURETES DE PEDRA
Os muretes são estruturas de pedras soltas sobrepostas na vertical (sem argamassa para as unir) que se encontram localizados nas curvas de nível, mais especificamente na base das vertentes com declives inferiores a 20%. Os muretes trazem vantagens para a biodiversidade, para a conservação dos solos, e para a redução da erosão, uma vez que criam uma zona de redução de velocidade de escorrência da água. A nível de biodiversidade são excelentes abrigos para a fauna como, insetos, anfíbios, répteis e mamíferos, acabando por reduzir a predação sobre estes
IMPACTOS NOS SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS
IMPACTOS NA BIODIVERSIDADE
BENEFÍCIOS
• Os muretes fornecem locais de rocha exposta para o desenvolvimento de muitas espécies como, os líquenes ou musgos. À medida que os anos passam, o murete começa a ter mais espaço entre as pedras e pode desenvolver-se um solo pouco profundo e pobre em nutrientes. Estes espaços proporcionam o desenvolvimento de flores silvestres importantes para os insetos polinizadores.
• Os muretes podem fornecer uma vasta gama de microclimas em função da sua orientação. Muretes cujas paredes estão viradas para Sul, fornecem locais quentes e ensolarados para alguns insetos e répteis quando estes estão nos períodos de gestação e de hibernação.
• A existência de uma estrutura ecológica linear (margem de campo vegetado, orla multifuncional, sebe) bem desenvolvida e adjacente ao murete é benéfica para os anfíbios, répteis e para alguns invertebrados.
• As cavidades (qualquer que seja a sua dimensão) são hotspots de biodiversidade – fornecem áreas húmidas e abrigos para os insetos e fornecem áreas de nidificação para aves e pequenos mamíferos.
• A característica linear dos muretes ajuda a biodiversidade a deslocar-se entre diferentes áreas de foco ecológico e pela paisagem propriamente dita. A conectividade gerada ao longo das paisagens é aproveitada ao máximo, pelas aves e pelos morcegos, visto que conseguem utilizar os muros como ponto de observação (mais próximo do chão) e procurar/encontrar insetos.
BOAS PRÁTICAS
• Manter os muretes em bom estado é a melhor forma de garantir que estes proporcionam condições de habitat favoráveis para a biodiversidade existente e futura. Apesar dos muretes que apresentam um grau de deterioração serem mais benéficos para a biodiversidade é importante acompanhar o estado dos muretes. Qualquer atividade humana ou animal, ou qualquer evento climático, pode deteriorar os muretes a um estado que passam a ser um perigo para a biodiversidade.
• Os trabalhos de reparação dos muretes devem ser realizados na primavera e no verão, fora dos períodos de hibernação de grande parte das espécies – ou seja, evite trabalhos no final do outono/inverno.
• Evite utilizar herbicidas/pesticidas perto dos muretes, uma vez que podem prejudicar a biodiversidade existe nos muretes assim como, as suas fontes de alimento.
• Mantenha uma faixa considerada, de cada lado dos muretes, livre de arbustos vigorosos de grande porte ou de árvores. Se não existir uma boa gestão e manutenção destas estruturas e estas começarem a crescer descontroladamente, podem danificar os muretes (as suas raízes podem deslocar os muretes, fazendo com que as pedras acabem por desabar). A gestão dos arbustos e das árvores deve ser realizada de 2/2 ou 3/3 anos, durante o outono e inverno, para evitar a época de reprodução das aves.